quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PARÁBOLA MÃE CORUJA

Um pequeno grão foi lançado nesta terra, associado à ousadia de implantar, a humildade de colaborar e a coragem de enfrentar uma realidade que vinha sendo perpetuada na dificuldade de mudar muitos destinos. Este grão na verdade, é a maior de todas as sementes, mas depois de crescida é a maior de todas as hortaliças, e se faz árvore, de tal modo que as aves vêm fazer ninho em seus ramos.
Em 2007 nasce o Programa Mãe Coruja Pernambucana, assim como este grão é uma criança muito esperada, planejada e que vem trazendo ao seio familiar a esperança de dias melhores.
A partir daí, todas as atenções e expectativas se fomentam sob aquele novo ser que vai crescer e germinar bons frutos.
Reportando-nos ao dia-a-dia do Programa como sendo o espelho do desenvolvimento deste “novo ser”, que com o 1º mês de vida, acompanha objetos, responde ao sorriso, se assusta com o barulho, assim é o Programa que começa a se articular, movimenta muitos parceiros, recebe colaboração que é vista como o ensaio de um grande sorriso; dos que não acreditam, se assustam como se ouvisse um grande barulho.
Neste processo de desenvolvimento, como uma criança que começa a levantar a cabeça e o pescoço, o Programa tem movimentos lentos, porém, firmes e precisos, começa a trabalhar as oficinas nos Cantos, cadastrar as gestantes e se ensaia um empoderamento da mulher que se percebe como ser de direitos.
Entre o 3º e 4º meses de vida, a criança descobre os pés e as mãos e já sorri espontaneamente, nosso Programa inaugura a primeira Maternidade Mãe Coruja, fato marcante que nos trouxe um longo e alegre sorriso no contexto de nossos anseios.
Do 5º ao 6º mês, quando o bebê senta com apoio, tenta conversar e emite sons torna-se uma grande conquista e alegria para a família. No Programa começamos a conquistar ainda mais nosso espaço, a maternidade ganha credibilidade em toda região, sendo escolhida como sendo o local seguro e adequado para dar a luz.
Do 6º ao 9º mês, a criança começa a engatinhar, pede as coisas, já tenta falar palavras marcantes de sua vida, como mamãe. Neste momento o Programa também evolui, melhora a captação das gestantes do 1º trimestre de gestação, contrata novos profissionais para trilharmos juntos esta caminhada, recebe também os tão esperados equipamentos que serão instrumentos fortalecedores desta labuta.
Chegamos então ao 9º e 12º meses de vida, onde a criança se levanta, inicia contatos com outras crianças, fala algumas palavras, começa a dar os primeiros passos; não diferente do Mãe Coruja que inicia treinamentos, capacitações e aprimoramento da formação de seus colaboradores, com uma participação total de seus profissionais, empenhados na melhoria de uma causa. O “filho” que tão sabiamente está sendo conduzido em seu desenvolvimento é mostrado a todos e, orgulhosamente, o Programa é apresentado em várias regiões do país como modelo de atenção integral a mulher e a criança.
Hoje, depois de muitos caminhos trilhados, chega um momento mágico: o Programa passa a existir enquanto Lei Estadual, os pais se alegram com a sensação de “filho bem criado” e tem seu registro de nascimento, ainda que tardio, finalmente garantido.
Esse “filho” que orgulhosamente nos dedicamos com muitas horas de nossas vidas, ganha novos irmãos, que também aprenderão a trilhar seus próprios passos e a mãe, sabiamente vai conduzindo e compartilhando em momentos como este, a difícil tarefa de educar, dividindo o alimento igualmente a todos de sua família.
No futuro que hora planejamos, temos a esperança que o “nosso filho”, o Programa Mãe Coruja tenha a sabedoria para gerar mudanças de vidas das nossas Marias Pernambucanas.
O meu grande abraço a todos que em 2009 mostraram que o sertão é solo fértil e fizeram do Mãe Coruja uma sólida realidade. Que 2010 tenhamos sabedoria para continuarmos a caminhada!

Natércia Gomes de Sousa
Mãe Coruja Sertão do Araripe