quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Frei Aluísio Fragoso participa de Oficina do Programa Mãe Coruja em Bodocó


Dom Aluísio Fragoso, na conversa com os profissionais de saúde do Sertão

Dom Aluísio Fragoso, um frade franciscano que há 30 anos desenvolve um trabalho no bairro do Coque, no Recife, foi o responsável pela abertura da oficina que apresentou o "Protocolo Operacional do Mãe Coruja Pernambucana", em Bodocó, no Sertão do Estado, nesta terça-feira. Participaram do evento cerca de 100 profissionais, entre médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários de saúde, profissionais da educação, da assistência social e gestores, dos municípios de Bodocó, Exu, Moreilândia e Granito.


Para provocar uma reflexão sobre o trabalho dos profissionais da área de saúde, ele lembrou de um circo, que estava montado em um terreno da cidade. "O circo se parece um pouco com a gente aqui: precisamos usar a imaginação". Ele recordou a história de um pequeno circo, armado no interior. Mágico, trapezista, bailarina, palhaço, todos fantasiados. De repente, surge um incêndio. O dono chama o palhaço, pedindo para que corresse à cidade, pedindo ajuda.

Na cidade, o palhaço começa a gritar:

"Tragam água, o circo está pegando fogo. Venham, que o circo está pegando fogo!”, e era muito aplaudido.

O circo pegou fogo, porque ninguém acreditou nele.

Para Fragoso, o palhaço tinha uma verdade urgente, mas estava vestido de palhaço.

“A maior palhaçada é a distância entre o que a gente pensa, diz, faz e é”. Para ele, a situação do mundo atual é muito parecida com esta pequena cena.

Para um público atento, ele falou sobre a responsabilidade dos profissionais de saúde, num mundo mercantilizado, onde o "ter" é mais importante que o "ser". Fragoso acredita que o mundo atual vive num sistema de vida e morte, e que é impensável alguém ficar neutro.

“Não existe a possibilidade de ter uma postura neutra – ou você se recusa, não aceita que o ser humano é um mistério, e faz do seu exercício apenas uma tarefa, ou você entende este mistério, quer aprofundar este enigma, e vai aprofundar o sentido da sua profissão. Você é chamado a se deparar com o ser humano. O médico, o enfermeiro, vai ver que sua tarefa não é cuidar de feridas, mas salvar vidas".

Citando passagens da Bíblia e experiências que viveu ao longo de três décadas no Coque, ele resgatou para a postura humanizada dos profissionais de saúde.


"De vez em quando, um médico sente, pelos olhos, que está ressucitando uma pessoa. Há 30 anos trabalho no Coque. Vejo pessoas que vão ao médico mortas, e voltam vivas. Quem salva é uma palavra, um jeito de falar do médico".

Após a exposição de Dom Fragoso, a equipe da Secretaria de Saúde apresentou detalhadamente o Mãe Coruja Pernambucana, bem como o Protocolo Operacional. Ana Lúcia Miranda, representando a Secretaria Estadual de Educação, e Rizete Costa, da Secretaria de Desenvolvimento, Assistência Social e Direitos Humanos, detalharam sobre a articulação do Mãe Coruja com várias secretarias.

À tarde, o grupo assistiu e discutiu a animação "Vida Maria", de Márcio Ramos, uma animação que mostra a realidade das mulheres sertanejas a partir da repetição dos ciclos de vida, da infância ao envelhecimento.


Valma, do município de Exu, lembrou a importância de uma sensibilização, antes do lançamento de um Programa como o Mãe Coruja. "Acho que o que está faltando é isso que o frei falou aqui. Gostei porque, antes de lançarem um programa, sensibilizaram primeiro o coração, que foi a primeira coisa aqui hoje, falando do amor, do coração. A gente sabe onde estão esses maiores problemas. Às vezes você atende com uma cesta básica, e não serve nada. Às vezes, você dá um abraço, e atende a tudo. Numa reunião com as enfermeiras do Exu, falei do lado humano. Falei das vidas fragilizadas. O que está faltando, em nós mesmos, é implementar isso, o amor, chegar mais perto”.

Ps. Nesta terça-feira, as equipes da Secretaria Estadual de Saúde e do Mãe Coruja Pernambucana estarão no município de Ouricuri, realizando a Oficina com os profissionais de Ouricuri, Parnamirim, Santa Cruz e Santa Filomena.

Um comentário:

  1. Muitíssimo interessante o trabalho do Mãe Coruja. Gostaria de participar, tenho experiência com comunidades e ONG´s na área de saúde na capital, sertão e agreste. Gostaria de maiores informações.Meu fone 81 86899079 e 81 86115356, meu nome é Fernan do Torres e meu e-mail torresft@oi.com.br
    Parabéns!

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