terça-feira, 21 de abril de 2009

O movimento Mãe Coruja Pernambucana

Sertão do Araripe e Moxotó. Agora, sertão do São Francisco e Agreste Meridional. O público alvo: prefeitos, primeiras damas, gestores de diversas secretarias municipais e estaduais, movimentos da sociedade civil organizada, médicos, enfermeiros, dentistas e seus auxiliares, assim como os ACS. Todos em diversos encontros em que o Programa Mãe Coruja Pernambucana promove, são sensibilizados e capacitados para o cuidado com a gestante e a criança até os seus cinco anos.

Como um grande movimento caminhando em sentido contrário a tudo que o sistema neoliberal provoca. Um sistema que faz que todos vejam de maneira banal a morte de crianças e gestantes. É como percebo.

Um movimento onde corações enrijecidos, petrificados e embrutecidos de todos, flexibilizam-se, amolecem diante da imagem de cemitérios clandestinos e crianças nuas aos redores, como se estivessem aguardando a sua vez de serem também ali enterradas, como é apresentado em vídeo e fotos nos diversos encontros de sensibilização.

Assim como as palavras de uma verdadeira médica de família tentando colocar de forma simples, o papel do médico, do enfermeiro, da maternidade, do ACS: Que saúde não é doença.

Um médico com os seus 79 anos mostrando o cuidado com o corpo, a partir da mudança de comportamento na alimentação, no hábito de se fazer exercícios regularmente e na vontade expressada com vigor, de viver muito mais tempo.

Também participante deste movimento e com muita freqüência, uma figura mística, como Frei Aluízio Fragoso, nos faz perceber a nossa insignificância diante do “inexplicável”, diante da grandeza de um universo imensurável onde não temos nenhum sentido de tamanho a não ser unidos para de alguma forma aparecermos. No último encontro com gestores e sociedade civil organizada em Garanhuns, ele disse:

“Mais que planejamentos, precisamos de amor; mais que planejamentos, precisamos de sonhos; mais que planejamentos, precisamos de utopias”.

Acredito de forma incondicional deste pensamento a luz do que já existe de concreto, onde o programa avançou nos municípios do Araripe e do sertão do Moxotó, há apenas um ano e seis meses. Não estou simplesmente constatando números atendidos de gestantes e crianças, que já são altamente significativos, e sim, na mudança de comportamento de todos os envolvidos.

Representantes das diversas secretarias do estado envolvidas no Programa, quando apresentados ao público nos encontros, mostram um caminhar certo de um governo que precisa acertar diante da urgência e dos milhares de votos de confiança conferidos.

Percebo que muitos municípios já envolvidos neste movimento a cada dia participam mais e mais, disponibilizando tudo ao seu alcance, no esforço de mudança de índice “aceitável” de mortalidade materna e infantil.

Percebo o nosso profissional do Canto Mãe Coruja de cada município do Araripe e do Moxotó, hoje o psicólogo e o assistente social, como desbravadores em selva de adversidades onde atuam, e em si mesmo. Embebidos pelo “feminino” que denota cuidado, não competitividade, zelo, diligência, eles rompem barreiras e aglutinam toda atenção para a gestante e a criança do seu território.

Por tudo, o Programa mãe Coruja Pernambucana está se tornando um movimento em favor da vida e da garantia dos diretos da mulher e da criança.

Por Iramarai Vilela, da equipe do Mãe Coruja

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