segunda-feira, 4 de junho de 2012

CONCURSO DO DIA DAS MÃES SECRETARIA DE EDUCAÇÃO


A Secretaria de Educação de Pernambuco realizou um concurso para o Dia das Mães e o texto escolhido pela comissão julgadora, que ficou na 1ª colocação do concurso foi da autoria de Aliomar de Vasconcelos, Coordenadora Regional do Programa Mãe Coruja Pernambucana.


O  Garoto.

A praça ainda é a mesma.
A estação ainda é a mesma.
As lembranças são as mesmas.
Entretanto...
O trem não existe mais...
O relógio da estação não existe mais...
O velho chefe da estação não existe mais.

Recordações guardadas nas retinas daquele garoto.
Dez anos de idade...
 
 Olha o amendoim!  Olha o amendoim!
 Torrado e Cozinhado! Quem vai querer? 
 
 Por que as lembranças ficam sempre nas estações? 
 
 Chovia muito naquela noite. Parado na estação, o garoto.
Um juvenil sonhador.
Sandálias surradas nos pés e uma camisa remendada, a lhe cobrir o corpo franzino.
Uma cesta no braço e a esperança no olhar.
 
De repente, o apito...o farol...o trem.
                          
Ansiedade ?   Talvez.
Quantos pacotes venderia naquela noite?   E se não vendesse?
Dentro do trem, poucas pessoas compraram seus pacotes de amendoins.
Disputava a freguesia com vendedores de pipocas, bolos, rôletes de cana, tapioca...
 
Desespero!    O trem partira...
 
E ainda faltava receber por alguns pacotes que conseguira vender.
 
O garoto pulou do trem da vida.
 
Sem a sua cesta, sem as sandálias, sem o dinheiro apurado.
Sentado num banco de praça, falara baixinho:  amanhã será outro dia.
No seu rosto juvenil, uma lágrima se mistura com a chuva.
                          
Era apenas um garoto...
 
Naquela casa simples, uma velha senhora o esperava angustiosa.
De braços abertos e com um coração cheio de amor e de ternura,
ela, ficava olhando aquela rua, que parecia não ter fim.
 
De repente, no final da rua, aperece aquele garoto todo molhado.
Agora estão juntos.
Na calçada, Dona Lola e o garoto se abraçam e choram.
Ele, por ter perdido -a sua cesta, as sandálias, o dinheiro...
Ela, por ver chegar à salvo, aquele garoto que tanto amava.
 
Hoje, os estrondos dos trovões, já não me assustam mais.
Dona Lola  -  Minha Mãe -  me ensinou como vencê-los.
Não sei explicar o por quê, mas hoje, já velho,
quando cai uma chuva torrencial com relâmpagos e trovões,
olho para o céu e vejo uma pequenina estrela brilhando.
Creio que seja Dona Lola me dizendo: 
Não tenhas mêdo.  Lembra-se de como ti ensinei a vencê-los?
 
Então, digo bem baixinho:  Bença  Mãe. E vou dormir.  
                          
 

Autora: Aliomar de Vasconcelos
Coordenadora Regional do Programa Mãe Coruja Pernambucana
Gerência Regional de Educação Mata Centro/Vitória de Santo Antão – PE 

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